O Mikuni 42




Pra quem não sabe, a empresa Mikuni, japonesa, fabrica alguns dos melhores carburadores que há no mercado. Parece antiquado (é sim), mas são produtos de alta tecnologia, até mesmo nos dias de hoje.

Eles não competem com as injeções em termos de custos para as empresas montadoras de veículos - hoje em dia, são mais caros de produzir e "acertar" do que uma injeção.

Vantagens do carburador: saudosismo, uma certa diferença - muito apreciada por mim e por outros - na aceleração do veículo (no caso, minha moto) e, claro, saudosismo (acho que já falei nisto...).

Mais importante ainda, há um prazer sadomasoquista em "acertar" a carburação, que parece ser uma tarefa de Sísifo.

Imbuído destes pensamentos alegres, resolvi acertar, eu mesmo, o tal Mikuni 42 que, após a conversão da moto para 1200 cc, substituiu o Keihin 40. Pra quem não sabe, a pequena diferença de 2 mm de diâmetro entre o Mikuni e o Keihin é, sim, insignificante em termos de performance. A diferença é que o Mikuni permite muito mais ajustes que o Keihin. Num país onde se tem 27% de álcool no combustível (chamado, comumente, de "gasolina"), fora outros aditivos que o dono do posto sabiamente incorpora (solventes, água-raz, etc.), isto faz uma bela diferença.

Spoiler: sim, consegui acertar o bixo!!!

Depois que você compreende como um carburador funciona, nos vários estágios da aceleração, até que não é tão difícil assim acertar a tranqueira toda. No Mikuni, você tem um giclê de baixa, um de média/alta, combinado com a agulha, uma bomba de aceleração e o cabo do afogador. Também tem a posição da boia (boia não tem mais acento agudo no "o", assim como "ideia", lembra-me o corretor ortográfico), mas não é preciso mexer nisto durante os primeiros 200.000 km - assim espero.

Nosso combustível tem o problema da adição de álcool, que torna a vaporização do mesmo bem mais difícil. Pra complicar, o álcool queima com maior poder calorífico. E você tem que lidar com estas contradições.

Acertei a agulha e o giclê da alta com uma certa facilidade. Simplesmente usei uma calibragem maior do que o recomendado ("default") pelo fabricante para os motores norte-americanos. Ficou perfeito. A bomba de aceleração ficou no mesmo lugar, já que é uma problema de "quando" ela é acionada e não de "quanto".

O giclê da lenta foi bem mais difícil.

Finalmente percebi que, na lenta, quanto mais pobre a mistura, melhor. Não deu pra usar o default do manual, devido ao álcool, mas, usando um giclê acima e usando o parafuso de regulagem, tudo correu bem!

A moto tá um doce agora, responde rápido, não "pipoca" nas saídas de curva e faz mais de 15,5 km/l na cidade (não testei em estrada ainda).

Se alguém precisar das regulagens que usei, basta deixar um comentário aí embaixo.